Como nos encontramos nesta época festiva tão característica, o Carnaval, achámos que seria apropriado publicar um post que contém um poema de Fernando Pessoa (Álvaro de Campos) com uma certa relação sobre a dita época, à semelhança do que fizémos para o dia de São Valentim.
Depus a máscara e vi-me ao espelho.
Era a criança de há muitos anos.
Não tinha mudado nada...
É essa a vantagem de saber tirar a máscara.
É-se sempre criança,
O passado que foi
A criança.
Depus a máscara e tornei a pô-la.
Assim é melhor,
Assim sem a máscara.
E volto à personalidade como a um términus de linha.
Fonte: AGULHA, revista, jornal de poesia. Acedido em: 19,Fevereiro,2007. Álvaro de campos: http://www.revista.agulha.nom.br/facam52.html
Para comemorar este dia de S. Valentim nada melhor que um poema de amor de um dos heterónimos de Fernando Pessoa: Álvaro de Campos.
Todas as cartas de amor são Ridículas. Não seriam cartas de amor se não fossem Ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor, Como as outras, Ridículas.
As cartas de amor, se há amor, Têm de ser Ridículas.
Mas, afinal, Só as criaturas que nunca escreveram Cartas de amor É que são Ridículas.
Quem me dera no tempo em que escrevia Sem dar por isso Cartas de amor Ridículas.
A verdade é que hoje As minhas memórias Dessas cartas de amor É que são Ridículas.
(Todas as palavras esdrúxulas, Como os sentimentos esdrúxulos, São naturalmente Ridículas.) |
Fernando Pessoa começa dizendo que as cartas de amor são ridículas, só o facto de serem cartas de amor é ridículo, mas, no fundo, ridículo é quem nunca escreveu cartas de amor, quem nunca amou... ridiculamente.
Fonte: AGULHA, Revista. Jornal de Poesia. Acedido em: 14, Fevereiro, 2007. Álvaro de Campos: http://www.revista.agulha.nom.br/facam83.html