Tal como nos é solicitado para esta segunda semana do concurso Sapo Challenge II, apresentamos, neste blog, uma entrevista a Fernando Pessoa.
Como sabem, o poeta em questão já não se encontra entre nós, pelo que não nos foi possível entrevistá-lo em pessoa. Contudo, numa tentativa de tornar as respostas o mais real possível, usámos, essencialmente, citações do próprio autor.
Esperemos que esteja do vosso agrado, e que satisfaçam a vossa curiosidade sobre alguns aspectos (menos conhecidos) da vida do autor.
Pivô - Será que existe vida em Marte? Haverá petróleo debaixo das Berlengas? Porque é que as agulhas para injecções letais dos condenados à morte são esterilizadas? Sinceramente não sei. Mas também tenho dúvidas sobre a vida de Fernando Pessoa que me perseguem constantemente e acredito que você também as tenha, caro telespectador. Por isso, vamos desde já fazer uma ligação aos “Estúdios do Passado” para falar com o próprio Pessoa. Pessoa, consegue ouvir-me?
Pessoa - Sim, sim. Uma boa noite a todos.
Pivô - Penso que há uma questão essencial, que todos nós precisamos de ver revelada. Tem amigos, Pessoa?
Pessoa - “Não tenho ninguém em quem confiar. A minha família não entende nada. Não tenho realmente verdadeiros amigos íntimos, e mesmo aqueles a quem posso dar esse nome, no sentido em que geralmente se emprega essa palavra, não são íntimos no sentido em que eu entendo a intimidade. Um amigo íntimo é um dos meus ideais, um dos meus sonhos quotidianos, embora esteja certo de que nunca chegarei a ter um verdadeiro amigo íntimo.”
Pivô - E relações sexuais?
Pessoa - “Acabemos com isto. Amantes ou namoradas é coisa que eu não tenho; e é outro dos meus ideais, embora só encontre, por mais que procure, no íntimo desse ideal, vacuidade, e nada mais.”
Pivô - Apesar deste tipo de circunstâncias extremamente intricadas, de árdua e penosa resolução - não querendo eu com isto pôr em causa todo o vasto conhecimento e aprazível nível cultural que Pessoa dispõe, claro - podemos dizer que Pessoa é feliz?
Pessoa - Desculpe, não ouvi.
Pivô - É feliz?
Pessoa - “Triste de quem é feliz! Vive porque a vida dura.”
Pivô - Hmm, portanto não vai gozar a vida, é isso?
Pessoa - “Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso. Só quero torná-la grande ainda que para isso tenha de ser o meu corpo e a minha alma a lenha desse fogo. Só quero torná-la de toda a humanidade; ainda que para isso tenha de a perder como minha. Vive-nos a vida, não nós a vida. Viver não é necessário; necessário é criar.”
Pivô - E o que acha da vida de hoje em dia?
Pessoa - “A vida moderna é um ócio agitado. O antigo artesão tinha de trabalhar; o actual operário tem de fazer uma máquina trabalhar. Movemo-nos muito rapidamente de um ponto onde nada está sendo feito para outro ponto onde não há nada a fazer, e chamamos isto a pressa febril da vida moderna. Não é a febre da pressa, mas pressa da febre.”
Pivô - A que se deveu a criação dos seus heterónimos?
Pessoa - E preciso mesmo de usar este microfone? É que já me está a incomodar.
Pivô - Sim…E os heterónimos?
Pessoa - “Com uma tal falta de literatura, como há hoje, que pode um homem de sensibilidade fazer senão inventar os seus amigos, ou, quando menos, os seus companheiros de espírito? Sinto-me múltiplo. Sou como um quarto com inúmeros espelhos fantásticos que torcem para reflexões falsas uma única anterior realidade que não está em nenhuma e está em todas. Por qualquer motivo temperamental, construí dentro de mim várias personagens distintas entre si e de mim, personagens essas a que atribuí poemas vários que não são como eu, nos meus sentimentos e ideias, os escreveria.”
Pivô - E para terminar Pessoa, vamos lá ao cliché. O que pensa fazer de ora em diante?
Pessoa - “Tenho pensamentos que, se pudesse revelá-los e fazê-los viver, acrescentariam nova luminosidade às estrelas, nova beleza ao mundo e maior amor ao coração dos homens.” Mas por agora sinto-me triunfal, acho que vou escrever um poema em cima da cómoda a seguir.
Pivô - Pois…Obrigado por tudo Pessoa, até uma próxima.
Pessoa - De nada, sempre às ordens.
O nosso trabalho não fica por aqui! Mantenham-se atentos, pois em breve publicaremos esta entrevista de uma forma mais original (assim pensamos) e divertida (esperamos!).
Fonte: LIMA, alessandro. Uma pessoa mística. Acedido em: 18, Fevereiro, 2007. KPlus: http://kplus.cosmo.com.br/materia.asp?co=112&rv=Literatura
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